Sul da Ilha é uma das áreas com maior restrição no número de pavimentos
Com a aprovação do novo Plano Diretor de Florianópolis, o mercado imobiliário da capital começa a sofrer alguns impactos. O mais visível deles é a paralisação na aprovação de projetos, além da queda significativa na venda de terrenos, causada pela insegurança diante das novas regras.
As principais mudanças ocorrem em algumas regiões turísticas, próximas da orla ou em regiões sem infraestrutura, com o estabelecimento do máximo de dois pavimentos. Esta mesma restrição já havia anteriormente em alguns locais, porém pilotis, áticos e sobrelojas não eram considerados na conta.
— Antes, com exceção da Lagoa, era possível construir até seis pavimentos em muitos locais da cidade. Verticalizar Florianópolis não é uma alternativa, como em outras cidades, porque temos problemas de infraestrutura. No primeiro momento, demos uma segurada nas construções, porém elas podem ser modificadas a partir dos planos setoriais. O Plano Diretor é um processo — explica o superintendente do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF), Dalmo Vieira Filho.
As áreas de maior contenção estão no Sul da Ilha, onde predominam as construções de até dois pavimentos. Na Lagoa da Conceição, em boa parte dos Ingleses, Cachoeira do Bom Jesus, Canasvieiras, Jurerê e ao longo das rodovias SC’s, está previsto um crescimento moderado. O crescimento maior está focado no Centro, além de alguns bairros do Continente, ao longo da Via Expressa, Santa Mônica e Trindade. Outras áreas que ganham destaque neste Plano Diretor, conforme o superintendente, são Tapera, Costeira e Saco dos Limões, devido à Área de Urbanização Especial (AUE), que são grandes áreas que serão urbanizadas mediante a apresentação de plano conjunto. Além disso, há as áreas de Operação Urbana Consorciada (OUC), que estão concentradas principalmente no Saco dos Limões e na Via Expressa Sul, que exigem leis específicas e podem ter índices e ocupação do solo modificados de acordo com demandas do Poder Público Municipal e com a participação dos moradores.
Mesmo diante de todas estas mudanças Dalmo Vieira Filho, não acredita em um impacto no volume de construção, para ele, haverá uma valorização geral do metro quadrado construído, reflexo de uma cidade mais equilibrada.
Para o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil da Grande Florianópolis (Sinduscon), Hélio Bairros, haverá um impacto negativo na construção civil em Florianópolis. Ele acredita que o Plano é prejudicial para a economia, porque é muito subjetivo e burocrático.
— O Plano onera mais a construção, porque o metro construído fica mais caro devido à redução do coeficiente de aproveitamento. Ou seja, para atingir o gabarito acima do básico, o empreendedor terá que comprar índice da Prefeitura. Para compensar esse aumento de custo, deve haver a diminuição do valor dos terrenos.
Desde que o plano foi encaminhado para a Câmara de Vereadores, em outubro, houve um impacto negativo na venda de terrenos em Florianópolis, em função da desconfiança das construtoras. As imobiliárias também reclamam que ainda não estão sendo realizadas consultas de viabilidade e reuniões sobre o Plano Diretor com a Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos (SUSP).
Para Ricardo Fonseca, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura em Santa Catarina (AsBEA/SC), há muitos pontos positivos no novo Plano Diretor, sendo a área continental, por exemplo, uma das maiores beneficiadas , em especial a região no entorno da Via Expressa e da Ivo Silveira . Ricardo aponta também como aspectos positivos, as delimitações mais claras para as áreas de preservação ambiental, e o incentivo do zoneamento com a permissão de áreas mistas (comercial e residencial) nos bairros, regularizando situações já existentes, como a do Santa Mônica.
Existe um receio inicial de que os escritórios de arquitetura e o setor da construção civil sofram alguma recessão neste primeiro semestre, pois as alterações do projeto devem direcionar a outras formas de crescimento imobiliário em Florianópolis.
Os impactos das mudanças do novo Plano Diretor devem começar a serem sentidos nos próximos cinco anos.
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Fonte da notícia: Diário Catarinense